maio 25, 2013

Exposição 'Páginas revueltas páginas infinitas' busca novos significados para antigos utensílios




Redação - EM CulturaPublicação:21/05/2013 08:48Atualização:21/05/2013 09:49
 (Claudia Lambert/divulgação)
  Buscar novos significados para antigos utensílios. Com esse propósito, a artista plástica e arte-educadora Lúcia Kubitschek apresenta a mostra 'Páginas revueltas páginas infinitas', no EspaçoCultural V & M do Brasil, no Barreiro.

Até 14 de junho, ficarão expostos 14 objetos e uma instalação criados a partir de cartonagem, colagem, acoplagem, técnicas de encadernação contemporânea e estruturas alternativas ao livrotradicional. Lucia se inspirou na obra do escritor argentino Jorge Luis Borges. Um de seus trabalhos remete ao conto “A biblioteca de Babel”, publicado no livro 'Ficciones'.

A galeria fica na Avenida Olinto Meireles, 65, Barreiro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Visitas devem ser agendadas previamente pelos telefones (31) 3328-2840 e (31) 9967-2840.

INSURGENT PAGES, INTINITY PAGES


Despite my love for reading, I’m not a habitual reader. I would like to read books from many authors, those mandatory ones, the ones my friends read, except me. My readings have been very precise; I read books that have something to do with what I do. So, my readings are eclectic and the themes vary from police and politics to romantic, spiritual and artistic ones, depending on my life moment. I also read books that, somehow, come to me exactly when I need them. That’s how I got to read Borges, when I received his biography. After reading The Name of the Rose and The Foucault’s Pendulum, I got curious, for so many years, to visit the libraries/labyrinths in Borges’ short-stories.

Insurgent Pages, Infinity Pages is the symbiosis among the subjects approached in his writings printed on the conceptual construction of each drawer and the experimentation of visual effects, translucent and, at the same time, obscure.

That was my first reading; if I read them again, it is probable that everything will change!

Lúcia Kubitschek

Páginas Revueltas Páginas Infinitas


Nem lixo, nem sucata: 
todo material é matéria-prima para a arte.

A artista e arte-educadora Lucia Kubitscheck, desde 1997, ano em que frequentou oCenter for Book Arts, de Nova York (EUA), vem descobrindo novos caminhos e novos materiais para expressar suas idéias originais, seu talento e seu compromisso em favor do meio ambiente.

Em novembro de 2011, o vinavina entrevistou a artista, que já trabalhou em diversas produções em parceria com o Departamento Socioambiental, como na campanha"Desembrulhe com Carinho" e na criação do objeto de decoração Open House.

Lúcia, no Departamento Socioambiental da Vina, com sua obra: Open House.

As obras criadas por Lúcia se baseiam, principalmente, na ressignificação dos objetos: uma vertente da reutilização, direcionada para o campo promissor e transformador das artes.

Na sua recente exposição, "Páginas Revueltas Páginas Infinitas", Lucia utilizou velhas gavetas tipográficas descartadas pelo Museu Vivo da Memória Gráfica de Belo Horizonte (MG). Ao ver esse material indo para o lixo, Lucia conta: "Quando soube que não seria dado outro fim às gavetas que não o lixo, eu cheguei a ficar "doente" e decidi levá-las comigo. Tinha medo que "outro aventureiro" o fizesse".

Lúcia e uma parte da sua nova obra. 

O resultado dessa experiência está exposto, até o dia 14 de junho, no Espaço Cultural da V & M do Brasil. São 14 objetos e uma instalação que mesclam técnicas de encadernação contemporânea e estruturas alternativas ao livro tradicional, cartonagem, colagem e acoplagem. 


"No meu ateliê, eu coleciono um pouco de tudo que penso haver funcionalidade para os meus trabalhos. (...) Meu desejo é provocar a reflexão sobre a funcionalidade das coisas e sobre as possibilidades criativas". 


Exposição: "Páginas Revueltas Páginas Infinitas" 
Data: 16 de maio a 14 de junho  
Local: Espaço Cultural V & M do BRASIL (avenida Olinto Meireles, 65, Barreiro) 
Horário: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. 
Visitas gratuitas pré-agendadas: Robson Soares - (31) 3328-2840 ou
(31) 9967-2840


Mais fotos aqui: 
(clique para ampliá-las)








GAVETA O TEMPO Talvez me enganem a velhice e o temor, mas suspeito que a espécie humana – a única – está por extinguir-se e que a Biblioteca perdurará iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta. A Biblioteca de Babel, Jorge Luis Borges


EM EXPOSIÇAO NA V&M DO BRASIL ATE 14 DE JUNHO


Páginas Revueltas 
A artista plástica e arte-educadora Lúcia Kubitschek é conhecida por seus trabalhos em book art, técnica que apresenta objetos com características de livro ou mesmo publicações em que se prioriza o conceito estético da estrutura. Suas criações são baseadas na ressignificação de utensílios. Para a recente exposição, “Páginas Revueltas Páginas Infinitas”, Lúcia partiu do descarte de velhas gavetas tipográficas pelo Museu Vivo da Memória Gráfica em Belo Horizonte.

O acontecido lhe gerou descontentamento e o desejo de explorar as características criativas dessas formas. O resultado da experiência ficará em exposição entre os dias 16 de maio e 14 de junho no Espaço Cultural V & M do BRASIL. São 14 objetos e uma instalação que mesclam técnicas de encadernação contemporânea e estruturas alternativas ao livro tradicional, cartonagem, colagem e acoplagem.

Lúcia já havia trabalhado anteriormente com gavetas tipográficas, mas de uma forma pontual. Ela afirma que a ideia de uma instalação realizada com base no objeto surgiu com a notícia do descarte. “Quando soube que não seria dado outro fim às gavetas que não o lixo, eu cheguei a ficar “doente” e decidi levá-las comigo. Tinha medo que “outro aventureiro” o fizesse”, esclarece.

No seu background recorrente estão referências ao multiculturalismo, ao espírito religioso brasileiro, às arqueologias e hereditariedades, às revoluções, e ao feminismo. Em “Páginas Revueltas Páginas Infinitas”, a artista acrescenta ao “caldeirão cultural” um estudo sobre a obra do escritor e poeta argentino Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo. Borges explorou em sua produção temas como sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores e livros fictícios, além da religião. Um de seus trabalhos expoentes é o conto A Biblioteca de Babel, publicado em 1944, no livro Ficciones. A narrativa apresenta uma biblioteca infinita em tamanho e acervo habitada por bibliotecários incapazes de traduzir as obras, apenas reconhecer combinações aleatórias de signos, uma metáfora do universo e da sociedade da informação.

Segundo Lúcia, Babel não foi a primeira leitura a ser buscada no universo do argentino, mas teve papel fundamental para a sustentação de todo o processo de criação. “Borges em si foi o fio condutor de todo o conceito, haja vista a leitura por meio de efeitos visuais obscuros provocados com o uso de radiografias, a dimensionalidade dos universos criados em cada espaço das gavetas. A Biblioteca de Babel está em cada uma das gavetas criadas, seja por meio das inúmeras escadas, dos lustres, das prateleiras repletas de obras que falam de tudo e não dizem nada” afirma.

A ressignificação, presente na literatura de Borges, é uma estratégia desenvolvida por Lúcia desde a sua inserção no ambiente artístico. Ao reaproveitar objetos transfigurando a sua “utilidade”, ela os subverte e reconceitua. Essa característica é notável nos trabalhos de Marcel Duchamp e Andy Warhol.“No meu ateliê, eu coleciono um pouco de tudo que penso haver funcionalidade para os meus trabalhos. Os objetos, mesmo provindos de uma produção em larga escala, adquirem unicidade de sentido por sua forma de subversão e utilização. Meu desejo é provocar a reflexão sobre a funcionalidade das coisas e sobre as possibilidades criativas”, explica.

Lúcia Kubitschek

Lúcia buscou conhecimentos na área das artes plásticas já adulta. Em Nova Iorque, participou de oficinas técnicas de encadernação tradicional e contemporânea, tendo estagiado no Center for Book Arts (CBA), quando entrou em contato com o mundo artístico do livro. Desde então, tem-se colocado como uma artista com propósito criativo e inovador cuja estética é desenvolvida por meio do design de objetos em suas bolsas, caixas, malas e outros suportes, aos quais, além de acomodá-los, lhes acrescenta a função de exibir.

Local: Espaço Cultural V & M do BRASIL (avenida Olinto Meireles, 65, Barreiro)

maio 18, 2013

MY CATALOG














Insurgent Pages, Infinity Pages
Inspired by Borges, I created my library universe with contemporary book miniatures separated in old typographic drawers sections.

An obscure, suspended system, composed of Libraries named as some of his short-stories or literary influences, in relation with the contents of his collections.

It is organized in Main Libraries or Libraries on Libraries and Satellite Libraries, located in specific geographic sites. They have an atmosphere according to their own cultural features, in distinct moments, but they interlace as well as the human evolution history. All those libraries contain countless galleries supplied with ladders that access the endless shelves full of files and text or illustrated books.


There are books of several shapes: wood and ivory tablets, papyrus rolls, codices of parchment, Japanese sewing notebooks, book biding and a list of contemporary structures, among others.

There are books about almost anything: books about books, architecture, religion, biography, collectibles, stories, curiosities, geography, feminism, arts, music, movies, photography, catalogues, dictionaries, politics, almanacs, newspapers.
                        

PAGINAS REVUELTAS, PAGINAS INFINITAS



maio 15, 2013

Gavetas por Miguel Gontijo


gavetas

O suporte que acomoda o universo da artista são as antigas gavetas das velhas tipografias. São gavetas que, outrora, abrigavam letras e, agora, sustentam um novo tipo de linguagem. Gavetas que são ao mesmo tempo emblemas do caos ou símbolos da razão, que encaram os sentidos mais diversos da arte. O que se forma dentro delas não são mais palavras, nem imagens, nem luz, nem sombras. Essas gavetas contêm o mundo inteiro comprimido em seu vazio. Esse mundo parece amontoar-se ali dentro e se parece com tudo menos com o próprio mundo. 

É um lugar onde todo o firmamento se desaba. 

Gavetas que não podem mais se fechar pois, se assim fizer, ela ceifará as pernas das calças da eternidade.

Sabe-se que nas gavetas enterram-se tesouros e quem enterra um tesouro enterra-se com ele. Quem corrobora com esta minha dedução é Rimbaud que diz: “a gaveta tem promessas e é mais que uma história”. Busco também ajuda de Breton que avisa: “a gaveta está cheia de roupas limpas e há até raios de lua que pode-se desdobrar.” Na gaveta de Lúcia Kubitschek abri-la é estender lençóis na tempestade. Com certeza, no furdunço que ocorre no interior das gavetas, nasceu na artista um olhar rápido, um ouvido aguçado e atenção perspicaz para deduzir minuetos minúsculos e surpreender as intrigas complicadas que se tramam no interior destes espaços.

Os trabalhos de Lúcia surgem como um reflexo da sua organização do mundo. A artista escolhe objetos aleatórios, descontextualizados e absurdos, desnudos de suas funções originais, que adquirem artifícios evoluindo segundo uma lógica acumulativa. Sem uma razão aparente, semi-oculto, ou disposto segundo uma esquadria ordenada, Lúcia constrói composições cujo sentido imaginário é a criação de uma nova dimensão.  Embora pareça paradoxal é com esse recenseamento de objetos que a artista inicia os seus jogos de presença\ausência. Prosseguindo uma pesquisa de grande coerência formal, apropria-se sempre da realidade para lhe questionar as aparências. E nesse momento “não há mais sujeito, mas uma atividade, uma capacidade criadora de inventar-se.” (Quem  soprou isso foi Nietzche)

Miguel Gontijo
artista plástico