maio 25, 2013

EM EXPOSIÇAO NA V&M DO BRASIL ATE 14 DE JUNHO


Páginas Revueltas 
A artista plástica e arte-educadora Lúcia Kubitschek é conhecida por seus trabalhos em book art, técnica que apresenta objetos com características de livro ou mesmo publicações em que se prioriza o conceito estético da estrutura. Suas criações são baseadas na ressignificação de utensílios. Para a recente exposição, “Páginas Revueltas Páginas Infinitas”, Lúcia partiu do descarte de velhas gavetas tipográficas pelo Museu Vivo da Memória Gráfica em Belo Horizonte.

O acontecido lhe gerou descontentamento e o desejo de explorar as características criativas dessas formas. O resultado da experiência ficará em exposição entre os dias 16 de maio e 14 de junho no Espaço Cultural V & M do BRASIL. São 14 objetos e uma instalação que mesclam técnicas de encadernação contemporânea e estruturas alternativas ao livro tradicional, cartonagem, colagem e acoplagem.

Lúcia já havia trabalhado anteriormente com gavetas tipográficas, mas de uma forma pontual. Ela afirma que a ideia de uma instalação realizada com base no objeto surgiu com a notícia do descarte. “Quando soube que não seria dado outro fim às gavetas que não o lixo, eu cheguei a ficar “doente” e decidi levá-las comigo. Tinha medo que “outro aventureiro” o fizesse”, esclarece.

No seu background recorrente estão referências ao multiculturalismo, ao espírito religioso brasileiro, às arqueologias e hereditariedades, às revoluções, e ao feminismo. Em “Páginas Revueltas Páginas Infinitas”, a artista acrescenta ao “caldeirão cultural” um estudo sobre a obra do escritor e poeta argentino Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo. Borges explorou em sua produção temas como sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores e livros fictícios, além da religião. Um de seus trabalhos expoentes é o conto A Biblioteca de Babel, publicado em 1944, no livro Ficciones. A narrativa apresenta uma biblioteca infinita em tamanho e acervo habitada por bibliotecários incapazes de traduzir as obras, apenas reconhecer combinações aleatórias de signos, uma metáfora do universo e da sociedade da informação.

Segundo Lúcia, Babel não foi a primeira leitura a ser buscada no universo do argentino, mas teve papel fundamental para a sustentação de todo o processo de criação. “Borges em si foi o fio condutor de todo o conceito, haja vista a leitura por meio de efeitos visuais obscuros provocados com o uso de radiografias, a dimensionalidade dos universos criados em cada espaço das gavetas. A Biblioteca de Babel está em cada uma das gavetas criadas, seja por meio das inúmeras escadas, dos lustres, das prateleiras repletas de obras que falam de tudo e não dizem nada” afirma.

A ressignificação, presente na literatura de Borges, é uma estratégia desenvolvida por Lúcia desde a sua inserção no ambiente artístico. Ao reaproveitar objetos transfigurando a sua “utilidade”, ela os subverte e reconceitua. Essa característica é notável nos trabalhos de Marcel Duchamp e Andy Warhol.“No meu ateliê, eu coleciono um pouco de tudo que penso haver funcionalidade para os meus trabalhos. Os objetos, mesmo provindos de uma produção em larga escala, adquirem unicidade de sentido por sua forma de subversão e utilização. Meu desejo é provocar a reflexão sobre a funcionalidade das coisas e sobre as possibilidades criativas”, explica.

Lúcia Kubitschek

Lúcia buscou conhecimentos na área das artes plásticas já adulta. Em Nova Iorque, participou de oficinas técnicas de encadernação tradicional e contemporânea, tendo estagiado no Center for Book Arts (CBA), quando entrou em contato com o mundo artístico do livro. Desde então, tem-se colocado como uma artista com propósito criativo e inovador cuja estética é desenvolvida por meio do design de objetos em suas bolsas, caixas, malas e outros suportes, aos quais, além de acomodá-los, lhes acrescenta a função de exibir.

Local: Espaço Cultural V & M do BRASIL (avenida Olinto Meireles, 65, Barreiro)

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Obrigada por navegar nestes mares, espero que curtem. Abraço, Lucia